Até onde vai a nossa liberdade?[1]
Deus permite aos homens plena liberdade, até mesmo de negá-lo, quanto mais mudar de religião. Porém, cobrará de cada um seus atos: “Diante dos homens está a vida e a morte, ser-te-á dado o que preferires” Eclo 15,17.
Ainda em Eclesiástico 15,14 vemos que “Deus abandonou o homem nas mãos de sua própria decisão”, mas para que pudesse livremente aderir ao seu Criador e chegar, assim, à feliz perfeição cf. CIC 1743. Mas se assim Deus procedeu, foi porque o homem é dotado de razão e de vontade e nele confia, apto, portanto, para examinar e decidir conscientemente. Nisto está a liberdade conforme Gl 5,1 “É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão”.
Entretanto, a liberdade dada por Deus ao homem não o isenta da responsabilidade pela escolha que fizer. O homem é livre, sim, mas deve colocar-se sempre diante de Deus e procurar sentir qual é o seu desejo para educar-se e usar de seu livre arbítrio e saber discernir entre o bem e o mal, entre o que Deus quer e o que Deus não quer. É preciso que o Espírito do Senhor se encontre no homem para que haja realmente uma liberdade segura (2 Cor, 3,17)
O uso errado da liberdade levará fatalmente o homem ao pecado: “crescer em perfeição ou definhar e pecar”[2] . E somente quando nos deixamos levar por Deus e nos colocamos em oração, e quando abrimos os nossos corações é que “A graça de Cristo não entra em concorrência com nossa liberdade”[3] , porque certamente assim conheceremos a verdade sem conflito com Deus (Jo 8, 32).
Destarte, se não existem duas verdades, nem dois caminhos, senão os de Jesus, a liberdade que nos é concedida levará em conta a afirmativa: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14,6).
A liberdade é um processo de escolha que precisa estar em plena sintonia com os ensinamentos de Jesus Cristo. Jesus espera de cada um de nós uma transformação (Mt 18,3), e toda a Bíblia nos leva a entender que Jesus nos quer a todos ao seu lado.
Exemplos de liberdade encontramos em muitas passagens bíblicas. Deus sempre quis ter Maria como Mãe de Jesus. Contudo, em respeito à sua liberdade, pede o seu consentimento e Maria responde SIM! Pedro, antes de ser escolhido chefe da Igreja, responde à pergunta de Deus: “Tu me amas? Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo!”. (Jo 21,17).
Maria e Pedro usaram das suas liberdades, mas concentradas e levadas pelo Espírito de Deus. Disse Maria: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc 1, 38). E Pedro e outros discípulos usaram de suas liberdades para, em resposta, afirmarem a Jesus: “Mesmo que seja necessário morrer contigo, jamais te negarei! E todos os outros discípulos diziam-lhe o mesmo” (Mt 26,35).
Dizer não à Igreja Católica é dizer não a Jesus Cristo, e uma liberdade assim como aquela permitida às dez virgens e aos guardiões dos talentos não correspondida terá de Jesus a seguinte resposta: “Não vos conheço”, e como na parábola das dez virgens (Mt 25,12) aos que souberam usar bem os talentos: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo”; e aos que não quiseram preservar os talentos: “Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos” (Mt 25, 34.41).
Logo, a liberdade de escolha de religião não pode ficar franqueada ao bel-prazer como se não tivesse nenhuma importância, e essa escolha como fruto da liberdade certamente passará pelo crivo do julgamento de Deus que, sem dúvida, conhece as consciências e saberá fazer justiça.
Boas podem ser todas as religiões cristãs, com seus bons propósitos na busca da Salvação em Jesus Cristo, e bem sabemos que muitas delas têm conseguido agradar e transmitir seriamente os seus propósitos com seus louvores, pregações eloqüentes e bons hinos, porém, a Igreja Católica Apostólica Romana é necessária para a salvação como Igreja Mãe, fundada por Jesus Cristo a quem Ele assegurou: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,20).
É São Paulo que faz a advertência (Hb 10, 25): “Não deixemos as nossas assembléias, como alguns costumam fazer. Procuremos, antes, animar-nos sempre mais, à medida que vedes o Dia se aproximar”, servindo muito bem para quem pensa em mudar de religião.
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