O Mistério da Salvação somente é desvendado inteiramente por Deus. Contudo, a Igreja é o caminho que nos conduz a Deus com a sua missão Evangelizadora e também Salvadora.
Regras existem e foram deixadas por Deus como sinais visíveis, como “A palavra escrita de Deus, a vida da graça, a fé, a esperança, a caridade, outros dons interiores do Espírito Santo e outros” (CIC 819), demonstrando a existência do Céu e do Inferno como os destinos opcionais das almas conforme merecerem.
A Igreja Católica afirma com as canonizações o seu reconhecimento das pessoas que já estão no Céu. Mas jamais se atreve apontar quem possa encontrar-se no Inferno, porque o julgamento sempre é de Deus que com sua justiça e misericórdia sabe julgar.
Mas sem subtrair o julgamento de Deus, a Igreja tem os seus conceitos teológicos e doutrinários sobre o pecado e suas conseqüências e fala sobre isso com autoridade de seu Magistério.
O objetivo deste estudo é perspectiva da salvação conseqüência da mudança de religião. Baseio-me no Catecismo da Igreja Católica.
Os elementos de santificação fora da Igreja Católica provêm não do mérito das outras igrejas, mas porque têm as suas origens na Igreja Católica que no § 819 do CIC assim esclarece: “O espírito de Cristo serve-se dessas igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação cuja força vem da plenitude de graça e de verdade que Cristo confiou à Igreja católica. Todos esses bens provêm de Cristo e levam a Ele e chamam, por eles mesmos, para a "unidade católica".
Mas o § 846 referindo-se a afirmação de que “Fora da Igreja não há salvação” explica:
“Apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, [o Concílio] ensina que esta Igreja peregrina é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo, que se nos torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar”. (grifei)
A ressalva:
“§847 Esta afirmação não visa àqueles que, sem culpa, desconhecem Cristo e sua Igreja: "Aqueles, portanto, que sem culpa ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero e tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida por meio do ditame da consciência podem conseguir a salvação eterna". (grifei)
Notamos duas situações:
a) Uma, para aqueles que conheceram a Igreja Católica e nele estiveram;
b) Outra, para aqueles que sem culpa ignoram o Evangelho, isto é, nunca ouviram falar nele (índios, outros povos onde o cristianismo não chegou, ou mesmo onde tenha chegado mas não lhes anunciado).
Aí entra a missão da Igreja Católica, que mesmo sabendo que "Deus pode, por caminhos dele conhecidos, levar à fé todos os homens que sem culpa própria ignoram o Evangelho” compete-lhe evangelizar todos os homens. (CIC 848)
Mas não podemos passar despercebidos que as Igrejas cristãs separadas, chamadas de protestantes, crentes ou evangélicos, saíram de dentro da Igreja Católica e levaram consigo os ensinamentos básicos da doutrina cristã: Jesus, como Deus e Homem e Salvador, a Bíblia e tantas outras verdades. Nisso, somos iguais e unidos. Mas não esqueçamos que eles renegam verdades sólidas, irrenunciáveis e absolutas, como a presença Eucarística de Jesus, a veneração e devoção à Nossa Senhora - mãe de Jesus, o Purgatório, a oração pelas almas, os Santos, as devoções aos Santos, o julgamento imediatamente após a morte; os Sacramentos: da Eucaristia, da Crisma, da Confissão, da Ordem, da indissolubilidade do matrimônio; o Papa, a hierarquia da Igreja, a Tradição Apostólica, o Magistério da Igreja, as intercessões dos santos, o Batismo de crianças e a forma do batismo, etc.
Considerem-se, aqui, as duas situações retro apontadas.
O catecismo, como intérprete da Bíblia, da doutrina cristã, e da direção do representante de Cristo, o Papa, fixa bem essas idéias de tolerância, amor e respeito a todos, mas exclui do rótulo de pecadores pelo “pecado da separação” apenas aqueles que já nasceram dentro das comunidades cristãs separadas. Diz o parágrafo 818: “Os que hoje em dia nascem em comunidades que surgiram de tais rupturas “e estão imbuídos da fé em Cristo não podem ser argüidos de pecado de separação, e a Igreja Católica os abraça com fraterna reverência e amor...” (grifei).
Note bem: “Os que hoje em dia nascem em comunidades que surgiram de tais rupturas”, não se referindo, obviamente, àqueles que não quiserem nela entrar, ou então perseverar (na Igreja Católica) embora igualmente respeitados e amados.(grifei).
Estão, assim, atingidos pelo “pecado da separação”, os católicos que depois de integrados ao catolicismo pelo batismo, pelas participações litúrgicas, conhecedores do Evangelho, enfim, que tiverem passado pela vivência católica e voluntariamente abandonam a fé professada para integrarem-se a outra religião cristã ou não.
Em sendo um pecado, enquanto não houver arrependimento e conversão, estará sujeito a perder a salvação.
Contudo, nem a Igreja Católica como instituição divina, nem os seus seguidores desejam que isso aconteça, razão pela qual nas Missas e em particular são feitas orações de intercessão para que, um dia, esses nossos irmãos retornem à Igreja Católica, ou se isto não acontecer, que mesmo na hora da sua morte, a sua consciência cristã o leve ao arrependimento e a “contrição perfeita” (contrição da caridade) conforme § 1452 do CIC para que sejam perdoados.
Pensando no arrependimento e perdão, sempre invocamos Nossa Senhora: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte”.
E no Pai nosso: “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam”.
"Quando rezais o terço, dizei sempre depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem"[1].
Deus é misericordioso e poderá, inclusive pelas orações que a própria pessoa que mudou de religião fez enquanto católica, conceder-lhe a graça do arrependimento e do perdão. Contudo, não se pode “arriscar” na religião como se a salvação já estivesse garantida mesmo com a conservação do pecado.
[1] Terceira aparição de N. Sra. de Fátima no dia 13/07/1917 para Lúcia dos Santos, Jacinta e Francisco Marto, quando recitavam o Rosário com o povo.
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