sexta-feira, 20 de maio de 2011

A CRUZ

Disputando corrida com as imagens, vêm o deboche e pouco caso que bom número de protestantes dão à cruz de Cristo que os católicos usam. Os  argumentos usados contra o uso da cruz sempre são os mesmos: “O nosso Jesus não é de madeira, que apodrece e os cupins devoram”, ou “não é de ferro que enferruja”, “nem de gesso que se quebra”.
         Antes de tudo a pergunta: Como morreu Jesus?
         Sabemos e eles também, que Jesus morreu crucificado no Gólgota ou Calvário, onde os romanos executavam por crucificação os criminosos. O que antes representava vergonha, símbolo dos fora-da-lei, com a crucificação de Jesus, inocente, a cruz tomou um novo sentido: Símbolo da redenção.
         Foi na cruz que o Salvador entregou o seu sangue para a remissão dos pecados para em seguida vencer a morte, tornando-se a cruz um sinal de salvação para todos nós. Não é mais vergonha, mas símbolo de glória  para os cristãos.
         A morte de Jesus na cruz foi um gesto de obediência ao Pai conforme está em Filipenses 2,8: E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz”. E que vitória a de Jesus, tão bem contada por São Paulo em 1 Cor 15, 55-57: “A morte foi tragada pela vitória (Is 25,8). Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão (Os 13,14)? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças, porém, sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo!”
         Diante disso, a cruz tornou-se o sinal do cristão. Nada de idolatria, mas de puro amor e respeito por Jesus Cristo diante de uma realidade. Um sinal presente na madeira, no ferro ou no gesso, cruz vazia ou com a imagem de Jesus, não importa.
         A exemplo das imagens, a cruz ou o crucifixo não são objetos de adoração, mas de contemplação, de respeito, de reverência, de veneração. Afinal, a cruz não é invenção da Igreja, mas uma realidade acontecida. Não há como falar sobre Jesus sem lembrar da cruz. E os protestantes sabem e repetem sempre nas suas pregações sobre o crucificado. Só que eles não desistem da tradição protestante de ser sempre contra tudo o que o Catolicismo prega e ensina porque este é o seu objetivo: protestar sempre, fazer oposição ao Catolicismo sistematicamente.   
         Ora, se podemos falar sobre a cruz, porque não apresentá-la ao menos como instrumento didático? Parece um medo injustificável e, ao que se saiba, somente o diabo é que tem medo da  cruz. Aliás, curiosamente e comparativamente, sabemos que na Igreja Católica deve sempre existir no presbitério, num plano mais elevado, uma cruz em destaque, enquanto nas Igrejas Protestantes, salvo raras exceções de algumas mais antigas, não. Não seria por isto que nas Missas e outras celebrações católicas não acontece a presença de satanás e ninguém tomado pelo diabo, enquanto em muitos cultos protestantes pessoas comparecem com “o diabo no corpo” enxotados pela famosa ordem “sai satanás” , com os diabos  “fugindo” como loucos, quase que atropelando aos que passam pela frente?
         Ezequiel não fala sobre a ordem dada pelo Senhor para marcar “com uma cruz na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem”? (Ez 9,4). Ou isto acontecia com um gesto simbólico de marcação ou através de alguma forma de pintura.  Mas a cruz era o essencial.
E Jesus não afirmou que “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim”? (Mt 10, 38; 16,245; Mc 8,34; Lc 9,23). Evidentemente que aqui a cruz é apontada em forma figurada e um propósito de sacrifício.  Mas não deixou de ser uma maneira de lembrar e valorizar a cruz.
         São Paulo em 1 Cor 1, 18 diz que “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina”. A que linguagem se referia? O dicionário Aurélio Século XXI dentre outros significados, diz que linguagem é “Tudo quanto serve para expressar idéias, sentimentos, modos de comportamento, etc”. Destarte, a cruz ou crucifixo de madeira, de ferro ou de barro que respeitosamente ostentamos nas igrejas, em nossas casas ou na lapela, expressa, de fato, o sentimento de amor, respeito e adoração que temos não pela cruz propriamente dita, mas pelo Cristo que não escondeu a sua morte como homem, e que como Deus acima de tudo sempre esteve vivo, ressuscitado. Como diz São Paulo, para nós católicos, a cruz é uma força divina, por isto não temos vergonha nem receio de exibi-la como gesto devocional.

         E São Paulo não afirmou, ainda, em Gl 2,19: Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo”? Alguém seria capaz de imaginar São Paulo pregado à mesma cruz de Cristo? Não!  São Paulo usou da imagem da cruz para demonstrar a sua unidade com Cristo. Os Católicos, igualmente, usam da cruz como símbolo da sua fé, da sua adesão à Igreja e a Jesus Cristo. Traçamos em nosso corpo o sinal-da-cruz, sinal do cristão, confessando que tudo fazemos em nome da Santíssima Trindade: “Pelo sinal da santa cruz, livra-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém”.  

         Ao contrário, ainda, das acusações protestantes, na Missa ou em qualquer celebração litúrgica católica, jamais Jesus Cristo foi exibido como um Cristo perpetuamente pendurado na cruz[1], visto que Cristo ressuscitou e na Santa Missa é exatamente o Cristo vivo, ressuscitado, que é refletido, glorificado e adorado, e principalmente, presente realmente na Eucaristia em Corpo, Alma e Divindade, servindo de alimento na Sagrada Comunhão na forma por Ele afirmada em Jo 6,54.56: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.”

         O uso da cruz ou do crucifixo somente se torna pecado quando desvirtuado do seu verdadeiro sentido espiritual e religioso, como se fosse simples enfeite ou objeto de superstição, da mesma forma que é pecado o uso da Bíblia pelos falsos profetas  e suas falsas interpretações.

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