sexta-feira, 20 de maio de 2011

A INQUISIÇÃO. E A INQUISIÇÃO PROTESTANTE?

Também a inquisição continua ecoando nas propagandas protestantes com ataques contra a Igreja Católica. Contudo, esquecem que eles também tiveram a sua forma de inquisição.
Sem dúvida a inquisição representa para nós, hoje, um marco muito triste na história cristã. Matéria polêmica e extensa, requer um estudo muito profundo através de especialistas no assunto, sejam favoráveis ou contrários.
Todavia, podemos extrair da história algumas informações úteis recomendando aos interessados um estudo mais profundo em obras especializadas.  

 “Muitas  controvérsias  surgiram  acerca deste melindroso e delicado assunto. Se por um lado a história registra excessos e atrocidades,  muitas mentiras  também foram levantadas com o único objetivo de  caluniar   a Igreja Católica.  Foram períodos  duros para a Igreja, que teve de agir  com veemência diante do surgimento de heresias  que ameaçavam destruir os princípios básicos da Sã Doutrina.   Entretanto, para  entendermos os excessos  e grandes abusos  na aplicação do regimento da Santa Inquisição,  devemos estudar também a questão das investiduras, que será tratada num tópico à parte.   Resumidamente, podemos dizer que naquela ocasião os soberanos exerciam forte interferência política nas decisões regionais da Igreja, muitas vezes influenciando diretamente na escolha de Bispos e padres. Muitos deles santificaram-se nos cargos em que foram investidos. Outros, porém,  sem o menor resquício de vocação religiosa, aceitavam tal condição unicamente para atender os interesses  dos nobres.  Um tipo de influência política semelhante  a história registrou no caso do julgamento de Santa Joana D'Arc, apesar de nesta época  a questão das investiduras ser já uma página virada. Ao ser aprisionada quando tentava libertar a cidade de Compiègne, foi sumariamente sentenciada sem que pudesse recorrer às instâncias superiores da Igreja”[1].[2].

“Devemos  ressaltar ainda que há muitas  divergências entre os historiadores  sobre a questão da  inquisição. Sem dúvida,  o tempo nos separou daquele capítulo longínquo, de forma que estabelecer um raciocínio preciso sobre tais acontecimentos talvez nos seja impossível.  As circunstâncias da época,  os conceitos da sociedade, as decisões do clero e  do poder  civil,  toma um vulto demasiadamente complexo e talvez incompreensível para a sociedade contemporânea.  O certo é que  críticas  a respeito e os conseqüentes ataques à Igreja  sem conhecimento de causa é, no mínimo, leviandade.  Como católicos  sabemos que os Papas da época agiram acertadamente,  apesar das sérias conseqüências daí advindas.  Fatos  que nos serão esclarecidos em sua plenitude na eternidade”[3] 

É fácil concluir, então, que os cargos eclesiásticos provocavam em muitos, ambições de riquezas que em alguns superavam a própria vocação cristã e se deixavam influenciar pela intervenção dos imperadores (civis) desvirtuando e até escapando da orientação do Papa, cuja fase acabou sendo superada pela Igreja[4]. Os cargos eclesiásticos eram, portanto, nomeados por autoridades civis (investidura) tendo provocado muito abuso contra o que muitos papas tiveram de lutar.[5]
A inquisição, assim, é fruto disso tudo, sendo arriscado por demais, julgar a inquisição ocorrida na Idade Média com os conceitos atuais sob pena de se cometer injustiças,  principalmente quando não se tem conhecimento de causa necessário para analisar, da mesma forma como julgar a Igreja em relação a Lutero e assim por diante.   Na verdade, a inquisição lutou contra as heresias as quais, não fossem combatidas, teriam contaminado o Cristianismo na sua legítima doutrina.
É relevante não esquecer o período: Idade Média, século 18.
         Não pretendendo justificar os meios empregados, mas para que o tema não seja assim tão influenciável no linguajar protestante, na história da caminhada do Povo de Deus encontramos muitas formas de “inquisições”:

Ø     Nm 15, 32-26: Um homem foi morto por ter recolhido lenha num sábado, desrespeitando a Lei dos judeus.
Ø     1Rs 18,40: Elias matou 450 profetas de Baal só porque serviam a um falso deus.
Ø     Ex 32,27-28: Moisés mandou eliminar mais de 3.000 homens por questões de disciplina.
Ø     Ex 15,4.19: O exército do faraó com a elite de seus combatentes foram afogados no mar Vermelho por vontade de Deus.
Ø     Quantas lutas, quantas batalhas, quantos mortos não nos narra a Bíblia? E os meninos que Herodes mandou matar por causa de Jesus? Horrores! Verdadeiros horrores aos nossos olhos. Como entender?

E ainda na Idade Média e nos últimos tempos? Os protestantes também fizeram a sua inquisição. Vejamos algumas[6]:

Ø     Jo Calvino que adotou o Protestantismo em 1533, pai dos Presbiterianos, mantinha um Consistório a quem competia “vigiar pela pureza da fé, inquirir os suspeitos de defecção e julgá-los”. “Os transgressores eram colhidos pela admoestação, deploração e excomunhão (exclusão da ceia sagrada) e obrigados a fazer penitência pública”.   Muitos foram condenados à tortura e morte. Mandou exilar em 1551 o médico e monge Jerônimo Bolsec; mandou queimar vivo em 1553 o espanhol Miguel Servet Grizar[7].
Ø     Ami Perrin, de Genebra, foi censurado com veemência por Calvino porque animou com baile um casamento, contra o que gritou a mulher de Ami, Franchequine:  “Homem perverso, queres beber o sangue da nossa família, mas sairás de Genebra antes de nós”.
Conseqüência do ocorrido com Ami Perrin, Jacques Gruet foi preso, julgado, condenado e decapitado e seu corpo exposto no dia 26 de julho de 1547.
Ø     Pierre Ameaux, porque fabricava cartas de baralho foi preso e encarcerado, e aos 08 de abril de 1546 o Tribunal o condenou a “dar a volta da cidade vestido de camisola, com a cabeça coberta e uma tocha acesa na mão”.
Ø     Na Suíça, os Calvinistas trucidaram a golpes de punhal e barras de ferro, o Frei Fidelis (católico) e ainda amputaram-lhe a perna esquerda.
Ø     Na Holanda[8], as igrejas católicas eram saqueadas. Um historiador protestante escreveu: “Os calvinistas (queux) eram os mais abomináveis piratas de todos os tempos... A sua cupidez era sem igual. Queriam fazer ressoar em toda parte o seu grito de guerra: `A palavra de Deus segundo Calvino!` Saqueavam igrejas e conventos e infligiam aos Religiosos um trato tal que poucos paralelos se encontram na história dos povos” (Kervin de Littenhove, Lês Huguenots et lês Gueux, tomo II Bruges, p. 408)
o       Um monge foi levado ao suplício só porque era monge e obediente ao Papa.
o       Um ancião que se encontrava no mosteiro de Tene Rugge ao ser invadido, após ter sido intimado a dizer: “Vivam os Calvinistas”, por ter recusado foi condenado ao massacre, e antes de lhe tirarem a vida, amputaram-lhe as orelhas, expostas que foram uma na porta da cidade e outra à porta da igreja.
o       Um sacerdote de nome Vicente, com 85 anos de idade, teve uma coroa de espinhos colocada em sua cabeça e uma cruz em seus ombros e ainda atrelado a uma carroça para que a puxasse, e depois da humilhação e sofrimento, deram-lhe o golpe mortal.  
Ø     No Anglicanismo[9] quem recusasse prestar o juramento de supremacia era considerado traidor, arrastado sob uma grade até o local de suplício, estendido sob um cepo e o seu ventre era aberto com cortes em rítmo lento; seu coração era arrancado e esquartejado.
Ø     O protestante Teodoro Bessa, em 1554, pediu o uso da força pública contra os Católicos[10].
Ø     A intolerância religiosa na Irlanda contra os católicos[11]
Ø     “O próprio Lutero, (....) autorizou os príncipes a "matar como cachorros" os camponeses famintos que se revoltavam. As "inquisições" protestantes mataram enorme quantidade de católicos, de supostas bruxas e de outros hereges que não entravam em acordo com os poderosos do momento acerca de interpretações bíblicas[12].
Ø     “....tanto que inclusive os reformadores protestantes implantaram inquisições semelhantes em países protestantes. João Calvino, por exemplo, implantou o tal Consistório, que era igualzinho uma inquisição católica, bisbilhotava a vida das pessoas perseguidas e chegou a matar aqueles a quem considerava "herege". Chegou a mandar queimar vivo o médico espanhol Miguel Servet, por exemplo”[13]

De uma forma ou de outra, a inquisição tem servido de argumento protestante contra católicos como estratégia missionária com repetições papagaiadas e de cunho difamatório.
Alguns dos procedimentos inquisitórios citados dos protestantes foram resultados de algumas pesquisas e aqui transcritos não com intuito revanchista ou vingativo, nem para justificar o que a Igreja Católica tenha feito de errado, mas para que se lembre que “quem tem telhado de vidro não joga pedra no telhado do vizinho”, e que, quanto ao que se possa considerar como conduta excessiva de alguns clérigos da época, com humildade o Papa João Paulo II soube pedir perdão.



[1] http://www.paginaoriente.com/catecismo/inquisicao.htm
[2] http://www.ssvponline.org/Especiais_conteudo.asp?Txt_Sigla=Inquisicao
[4] http://www.paginaoriente.com/catecismo/investiduras.htm
[5] Aquilino de Pedro, in Dicionário de Termos Religiosos e Afins, pág. 150
[6] Pergunte e Responderemos nº 500, pág. 50ss
[7] O que o Povo Pergunta, Pe.Artur Beetti, pág. 117
[8] Pergunte e Responderemos nº 500, pág. 54
[9] Pergunte e Responderemos nº 500, pág. 57
[10] O que o Povo Pergunta, Pe.Artur Beetti, pág. 117
[11] O que o Povo Pergunta, Pe.Artur Beetti, pág. 117
[13] http://www.catolicanet.com.br/interatividade/forum/ler_msg.asp?cod=8043&origem=7997&mat=438

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