"O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado; de modo que o Filho do Homem é senhor até do sábado" (Mc 2, 27).
Um dos pontos de contradição entre a maioria das Igrejas cristãs e a Igreja Adventista, é o dia de guarda do Senhor.
A guarda do dia de sábado é um resquício do Antigo Testamento ainda mantido pela religião judaica, porque não aceitam Jesus Cristo como o Messias.
Como surgiu a idéia do sétimo dia?
Depois que Deus concluiu a sua obra da criação, “no sétimo dia descansou” (Gn 2,1). Primeiramente, devemos considerar o número de dias como simbólico já que quando Deus criou o mundo, não existia nenhum calendário. Aliás, até hoje, Deus não faz uso dessa forma de medição do tempo: "Um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como, um dia”. (2Pd 3,8).
O descanso a que alude o último dia da Criação, em hebraico se diz “shabbath” que significa também “cessar”, “acabar”, e de onde, etimologicamente, surgiu a palavra “sábado”, como o sétimo dia da semana.
E realmente os israelitas guardavam o dia de sábado como o dia de descanso, um dia festivo (Ex 16,4s. 14s. 16-36; 35,1-3; Is 1,13; Os 2,13), no qual o israelita se abstinha de qualquer trabalho (Ex 20,8-11; Ez 46,1-12; 20,12) e se dedicava à oração (cf Ex 31,13; Nm 15,32-36; 1Mc 2,32-41).
Com a vinda de Jesus Cristo, o Dia do Senhor passou a ser o domingo, valorizado em razão da sua ressurreição.
Em Mt 12,1-14; At 1,12; Lc 6,6; 13,10-17; Jo 5, 9-18; 7,21-24; 9,14-16. vemos que “quando Cristo veio, o jugo dos fariseus fizera do sábado um dia de escravidão”
Cristo transforma o sábado no dia da sepultura conforme Lc 23,53s; Jo 19,31-42 e fixa para o dia seguinte – domingo – o dia da Ressurreição, da libertação, da nova criação Mc 16,2-9; Jo 20,1-19.
O domingo é o dia em que o Senhor se manifesta (Jo 20,16-026) e transmite o seu perdão (Jo 20,19-23). É o dia da reunião da comunidade cristã (At 20,7; 1Cor 16,2). Por isso o sétimo dia no qual o cristão repousa e se dedica à oração é o domingo (At 20,7).
Os fariseus tinham absolutizado o sábado quando Jesus inervém afirmando: “Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mt, 12,8).
Os textos bíblicos seguintes confirmam a valorização do domingo sobre o sábado, provando que o dia de sábado não era imutável:
"Portanto, ninguém vos julgue por questões de comida e de bebida, ou a respeito de festas anuais ou de sábados, que são apenas sombra de coisas que haviam de vir, mas a realidade é o Corpo de Cristo" (col 2, 16).
Assim tornou-se o primeiro dia da semana judaica, posterior ao sábado, o Dia do Senhor em respeito e comemoração ao dia em que Jesus ressuscitou.
Veja-se que conforme At 20,7, os cristãos “se reuniam no pri
meiro dia da semana” para celebrar a Eucaristia. Em 1Cor 16, 2, S. Paulo recomenda aos fiéis a coleta em favor dos pobres no primeiro dia da semana - o que supõe uma assembléia religiosa realizada naquele dia.
O Domingo é o dia dedicado à glorificação do Senhor vitorioso sobre a morte.
O dia de pentecostes, em Jerusalém, aconteceu num Domingo cf. At 2, 1ss.
Deus não estabeleceu nem o domingo, nem o sábado como dia de descanso, mas um sétimo dia. O que ele quer, portanto, é que após seis dias, o sétimo lhe seja consagrado.
Sem mesmo importar qual seria o sétimo dia, além do próprio Jesus Cristo ter adotado o domingo e os Apóstolos também, e dos momentos relevantes da história sagrada ter acontecido num domingo, a Igreja teria o poder de determinar o domingo em razão do seu magistério, cuja iniciativa não foi necessária pela adoção do domingo desde o início do Cristianismo.
Testemunhos além da Bíblia existem, como Santo Inácio de Antioquia (+110, aproximadamente) que escrevia aos Magnésios: "Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas, chegaram à nova esperança, não observando mais o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, dia em que nossa vida se levantou mediante Cristo e sua morte".
Também o Didaquê (Catecismo dos Apóstolos) escrito no primeiro século de nossa era, prescreve, em seu artigo XIV: "Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro."
Em meados do século II, encontra-se o famoso depoimento de S. Justino, escrito entre 153 e 155: "No dia dito do sol, todos aqueles dos nossos que habitam as cidades ou os campos, se reúnam num mesmo lugar. Lêem-se as memórias dos Apóstolos e os escritos dos profetas... Quando a oração está terminada, são trazidos e vinho e água... Nós nos reunimos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia, aquele em que Deus transformou as trevas e a matéria para criar o mundo, e também porque Jesus Cristo Salvador, ressuscitou dos mortos nesse dia mesmo" (I Apologia 67, 3. 7), referindo-se ao dia de domingo.
O Decálogo, escrito por ordem de Deus em Ex 34, 21, estabelece como uma das condições básicas da Aliança “Durante seis dias trabalharás e no sétimo descansarás”, que vem expresso no 3º Mandamento da Lei de Deus.
Decorrente da Nova Aliança com a transformação do sétimo dia para o domingo pelo próprio Jesus e seus Apóstolos, a Igreja estabeleceu no 1º mandamento a obrigação de participar das Missas dominicais.
Prevalece entre os cristãos, assim, o domingo como o Dia do Senhor.
“33. De fato, é precisamente na Missa dominical que os cristãos revivem, com particular intensidade, a experiência feita pelos Apóstolos na tarde de Páscoa, quando, estando eles reunidos, o Ressuscitado lhes apareceu (cf. Jô 20,19).
(Carta Apostólica Dies Domini – João Paulo II_
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