Muitos protestantes entendem que Jesus tinha irmãos, nascidos de Maria, por interpretações desorientadas do Evangelho de Marcos 6,3 e Mateus 13,55: “Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José,Simão e Judas?”
Pela Bíblia não se pode afirmar que Jesus teve irmãos e que Nossa Senhora teve outros filhos além de Jesus.
Na língua hebraica não tinha palavra para indicar “primos”, “tio”, “tia”, “sobrinhos”, e todos eram chamados de irmãos. Na Bíblia até mesmo “parentes”, “discípulos” e da mesma tribo, eram chamados de irmãos. Por isto sempre que para designar qualquer grau de parentesto principalmente os acima citados, usa-se a palavra “irmão”. É o que vemos em Jo 2,12; 7,305; At 1,14; 1or 9,5 e ainda Mt 28, 10.16.
Por exemplo, em Mt 28,10.16 Jesus apresenta-se diante de Maria Madalena e outra, e lhe recomenda no v. 10: “Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galiléia, pois é lá que eles me verão”. E o v. 16: “Os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado”. Aqui Jesus trata os seus discípulos de irmãos.
Junto com os exegetas bíblicos podemos apresentar textos que comprovam a aplicação do tratamento de irmãos a pessoas que não são filhos do mesmo pai e da mesma mãe, nem mesmo só de um ou de outro.
Comprovações:
I – Em Gn 11, 27-31 encontramos a descendência de Tara, dentre eles, os dois irmãos ABRAÃO (Abrão) (v. 17) e AARÃO (Arão).
Em Gn 11,28 diz que Arão gerou Lot.
Em Gn 12,5 diz que Abrão partiu para a terra de Canaã levando Lot, “filho de seu irmão”.
Em Gn 13,8 Abrão disse a Lot: “... pois somos irmãos”.
Logo, Abrão chamou Lot de seu irmão, quando que na verdade era seu sobrinho.
II – Em Gn 24,15 diz que Batuel é pai de Rebeca conforme está também no v. 24.
No v. 20 diz que Rebeca tinha um irmão chama Labão.
Portanto, Rebeca e Labão eram irmãos, filhos de Batuel conforme está em Gn 28,2.
Em Gn 28,1 Jacó recebe uma ordem para ir “a casa de Batuel, pai de tua mãe, e escolhe lá uma mulher entre os filhos de Labão, irmão de tua mãe”. Portanto, Jacó é sobrinho de Labão.
Em Gn 29,15 Labão pergunta a Jacó: “Por seres meu irmão[1] hás de servir-me de graça”.
Logo, Labão chama Jacó de irmão quando que na verdade era seu sobrinho.
III – No livro Crônicas (o mesmo Paralipômenos), encontramos em 1Cr 23,21-22 que Mooli é pai dos irmãos Eleazar e Cis.
No v. 22 diz que Eleazar deixou somente filhas.
No v. 22 diz que as filhas de Eleazar foram desposadas pelos filhos de Cis.
Portanto, as filhas de Eleazar com seus maridos filhos de Cis, eram primos.
Entretanto, no mesmo versículo 22 diz que “... foram desposadas pelos filhos de Cis, seus irmãos”.
IV – No Ex 6,18 diz que Caat era pai de Amram (ou Amrão) e Oziel.
No v. 20 diz que Amram desposou sua tia com quem teve Aarão.
No v. 23 diz que Aarão (ou Arão) é pai de Nadab e Abiu.
No v. 22 diz que Misael e Elisafã são filhos de Oziel.
No Lv 10,1 e Ex 6,23 diz que Nadab e Abiu são filhos de Aarão (ou Arão).
Portanto, Nadab e Abiú são primos em 2 grau de Misael e Elisafan (ou Elisafã).
Contudo, em Lv 10 1-4, mais precisamente no v. 4, Moisés chamou Misael e Elisafã, filhos de Oziel, tio de Aarão e disse-lhes: “Aproximai-vos e levai vossos irmãos (referindo-se a Nadab e Abiu) para longe ...”
Chamou-os de irmãos, quando na realidade eram primos.
A propósito do texto contido em Mt 13,55 citado no inicio, temos que:
Tiago é irmão de José, filho de Alfeu[2] (Cleofas) e Maria (homônima irmã de Maria mãe de Jesus (Jo 19,25). Também de Tiago (Jd 1,1). (Ver Mc 15,40).
José é irmão de Tiago, filho de Alfeu (Cleofas) e Maria (homônima irmã de Maria mãe de Jesus) Jo 19,25;Mt 27,56.
Judas era filho de Alfeu (Cleofas) conforme Lc 6, 15-16.
Simão logicamente também era filho de Cleofas e Maria (homônima irmão de Maria Mãe de Jesus).
O mais antigo historiador da Igreja, Hegesipo, registrou que Cleofas e Maria de Cleofas tiveram como filhos Tiago, José, Judas e Simão. Estes, portanto, eram primos de Jesus.
Assim sendo, Simão, irmão dos três outros, ´Tiago, José e Judas´ são verdadeiramente irmãos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Alfeu ou Cleofas é o pai deles.
O Catecismo da Igreja Católica, no § 500 ensina: “A isto objeta-se por vezes que a Escritura mencionou irmãos e irmãs de Jesus. A Igreja sempre entendeu que essas passagens não designam outros filhos da Virgem Maria: com efeito, Tiago e José, `irmãos de Jesus´(Mt 13,55), são os filhos de uma Maria discípula de Cristo que significativamente é designada como a outra Maria´ (Mt 28,1). Trata-se de parentes próximos de Jesus,consoante uma expressão conhecida do Antigo Testamento”.
A realidade de Jesus ter sido o único Filho de Maria vem alicerçada também na sua virgindade.
Está em Mt 1, 18.22-23: “Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com Jose. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. Todo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 78,14), que significa Deus conosco”.
E Lc 1,27.34: “a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.
Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?”.
“Antes de coabitarem ...”; “Eis que a virgem...”; “a uma virgem ... era Maria...”; “não conheço homem ...”. Com toda a segurança a Bíblia nos confirma a virgindade de Maria. E não é só.
Os pais do protestantismo reconheciam a virgindade de Maria “antes e depois do parto[3]”.
Lutero, em 1537, os artigos da “Doutrina Cristã” elaborados por Lutero: “O Filho de Deus faz-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem”.
Calvino, em 1542no “Catecismo da Igreja de Genebra”: “o filho de Deus foi formado no seio da virgem Maria ... isto aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo, sem consórcio de varão”.
Zwinglio, escreveu: “firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que no parto e após o parto permaneceu para sempre virgem pura e integra” (Corpus Reformatorum: Zwingli Opera 1, 424).
Declarou ainda: “Estimo grandemente a Mãe de Deus, a Virgem Maria perpetuamente casta e imaculada” (ZO 2,189).
Johan Wesley, fundador da Igreja Metodista, em carta dirigida a um católico em 18.07.1749[4] : “Creio que (Jesus) foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa:sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem pura e imaculada.
A Igreja, no uso da sua autoridade outorgada por Jesus no Magistério Apostólico, proclamou o dogma da Imaculada Conceição no dia 08 de dezembro de 1854, pelo Papa Pio IX.
Diante de tantas evidencias, não se pode negar que Jesus não teve irmãos, principalmente porque Maria, sua mãe, sempre foi virgem, antes, durante e depois do parto. Até mesmo a maioria dos livros apócrifos testemunham o perpétuo estado virginal de Maria.
[1] “irmão” está na tradução da bíblia protestante Thompson. Na católica a tradução é “parente” ou “sobrinho” na tradução Vozes
[2] Os nomes Alfeu e Cleofas designam em grego a mesma pessoa.
[3] http://revistacatolica2.vilabol.uol.com.br/incompreensaomariana.html
[4] http://www.geocities.com/athens/aegean/8990/ap11.dtm
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