sexta-feira, 20 de maio de 2011

FONTES DA DOUTRINA CRISTÃ CATÓLICA


Jesus deixou de estar presente neste mundo como homem, mas delegou poderes aos seus Apóstolos e sucessores para continuarem a pregar a Boa Nova. É isso que a Igreja Católica vem fazendo desde o início do Cristianismo fundamentada nas seguintes fontes:
a) Tradição
b) Bíblia
c) Magistério da Igreja
 
Tradição.

         Os ensinamentos de Jesus Cristo eram feitos oralmente. Falava aos Apóstolos, discípulos e ao povo em geral. Operou muitos milagres e prodígios. Estabeleceu regras e diretrizes para quem o quisesse seguir. Nada escreveu nem ditou.
          Então os Apóstolos, cheios do Espírito Santo (ver Pentecostes) passaram a transmitir as mensagens e ensinamentos de Jesus também verbalmente, de um para outro. A essa sucessão da doutrina cristã é que chamamos de tradição.
          Tradição, portanto, é a transmissão verbal durante um longo tempo: a tradição liga o passado ao presente (Dicionário Lello).
         Assim a Igreja, desde o início com Jesus, vem transmitindo também verbalmente as verdades cristãs, de uma forma tradicional.
          São Paulo recomenda o respeito à Tradição:
          “Eu vos louvo, pois, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas instruções como eu vo-lo ensinei” (I Cor 11,2)
        “Mas agora, voltando, Timóteo a nós, depois de vos ter visitado, e trazendo-nos boas novas de vossa fé e caridade,  e como tendes sempre efetuosa lembrança de nós estando com desejo de nos ver, assim como também nós a vós” (1Ts 3,6).
          “Conserva a forma das sãs palavras que ouviste de mim (baseando-te) na fé e no amor em Jesus Cristo” (2 Tm 1,13).
 “O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros”.  (2 Tm 2,2).
 "Irmãos, ficai firmes e conservai as tradições que aprendestes, quer por palavra, quer por escrita nossa” (2 Tess 2, 15).
          Portanto, a Tradição é reconhecida pela Igreja Católica como uma das fontes de revelação da doutrina cristã porque foi assim que iniciou a evangelização, sem nenhum escrito do Novo Testamento, como também aconteceu com o Antigo Testamento, escrito somente em torno de 1.250 anos aC. 

 Bíblia:

Segundo historiadores, a palavra Bíblia tem sua origem no grego, tornando-se conhecida como expressão de conteúdo sagrado dos cristãos a partir do ano 200 dC. É um livro inspirado por Deus mas escrito por Escribas, Sacerdotes, Reis, Profetas e Poetas.
Como livro Sagrado, é “inspirado por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça” (2Tm 3,16) não sendo permitida nenhuma interpretação pessoal às suas profecias (2Pd 1, 20-21). 
Ao todo, do Antigo ao Novo Testamento, os escritos bíblicos demoraram em torno de 1.500 anos. Apesar da diversidade de escritores, mais de 40 ao todo, existe uma unidade histórica que somente pode ser atribuída à inspiração divina. Seus textos, ainda avulsos, foram copiados e recopiados de geração para geração em idiomas como o Hebraico, Aramaico e Grego.
 A Bíblia revela Deus Criador, cujas narrativas do Antigo Testamento conduzem à pessoa de Jesus Cristo até chegar ao Novo Testamento aí já testemunhando o Messias não mais prometido, mas agindo no meio dos homens. Deus inspirou e os homens reproduziram a revelação do projeto de Deus que é levar os homens à liberdade e salvação.
 A palavra Bíblia significa LIVROS que contêm a Revelação Divina.
 Divide-se em Antigo Testamento e Novo Testamento, contendo, ao todo, 73 livros  sendo 46 no AT e 27 no NT.
 Com a reforma protestante Lutero retirou do cânon 7  livros do AT, motivo pelo qual a Bíblia dos protestantes tem apenas 66 livros. Por isso é que na Bíblia dos protestantes faltam os seguintes livros: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácida) e Baruc, e partes dos Livros de Ester e Daniel
 A Bíblia completa e correta, portanto, é a editada pelos católicos porque mantém os mesmos livros do AT, lidos pelos Apóstolos. Quanto ao NT não existe diferença a não ser de uma ou outra palavra por questão de tradução, mas que não prejudica o essencial.  A Bíblia  toda, AT e NT veio a ser completada quase 100 anos depois de Cristo.
 Destarte, a Bíblia também é uma das importantes fontes de revelação da doutrina cristã, sempre utilizada pela Igreja Católica. Em todas as Missas são feitas diariamente leituras bíblicas, sendo que no decorrer de três anos litúrgicos chamados de Ano A, Ano B e Ano C, praticamente toda a Bíblia é lida, meditada e ensinada nas Celebrações Eucarísticas.
 A divisão da Bíblia em capítulos e versículos deve-se a pessoas católicas: a divisão em capítulos foi feita pelo cardeal Estevão Langton, em 1228, e a divisão em versículos, para o Antigo Testamento, foi feita pelo Frei Sante Pagnini ( 1528 ) e, para o Novo Testamento, por Roberto Estêvão ( 1550 )[1].  

Magistério

         Igreja é sinal da presença de Jesus no meio dos homens. Por ela se entregou a si mesmo (Ef 5,25). "Ninguém pode ter a Deus por Pai, se não tem a Igreja como mãe" (De cathol. Ecc. Unitate, 6)[2] conforme afirma São Cipriano.
 Em se tratando esta Igreja de uma instituição divina, para falar em seu nome há necessidade de uma autoridade credenciada. Esse poder provém de Jesus concedido ao Papa e aos Bispos em comunhão com ele, chamado de Magistério da Igreja, com o múnus de ensinar e interpretar autenticamente a Palavra de Deus[3].
 O Magistério da Igreja é infalível porque foi outorgado pelo próprio Jesus Cristo, e estende-se além do espiritual à conduta moral das pessoas.
 O Magistério  não inventa nem cria idéias, mas limita-se a interpretar e cumprir a Palavra de Deus conforme diz o  § 86: “ Tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com a assistência do Espírito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser crido como divinamente revelado."
 Esse poder da Igreja Católica provém de Jesus que afirmou:
 “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16,19), ao se dirigir Jesus a Pedro, e: “Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu” (Mt 18,18), ao se dirigir a todos os Apóstolos,  de quem os Bispos são legítimos sucessores e centralizados na pessoa do Papa.
 Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”. (Lc 10,16).
 “Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”. (Jo 20,21)
 Se naqueles dias não havia outra comunidade a não ser aquela cristã da futura Igreja Católica, e se o que foi dito tinha como destinatários Pedro (o 1º Papa) e os demais Apóstolos (depois Bispos), sem medo de errar pode-se afirmar que tal autoridade somente foi concedida à Igreja Católica Apostólica Romana, motivo pelo qual é ela quem detém o Magistério da Igreja como legítima e única sucessora dos Apóstolos, cuja autoridade na pessoa do Bispo de Roma que é o Papa,  é a de representar Cristo aqui na terra. 

[1] http://www.lepanto.com.br/DCBiblia.html
[2] http://www.acidigital.com/catecismo/igmaemaes.htm
[3] CIC §§ 85 e  100

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