sexta-feira, 20 de maio de 2011

O PAPA

           Toda sociedade humana necessita de um chefe. Nós fazemos parte do povo de Deus arrebanhado por Jesus Cristo chefe supremo desta sociedade cristã. Uma sociedade humana com objetivos divinos.
             Ora, assim como Deus se encarnou em Jesus Cristo para se tornar Deus visível aos nossos olhos, a Igreja Católica, Sacramento de Cristo, ao ser constituída com os Apóstolos e, nomeado chefe São Pedro, fez da Igreja Cristo visível.
             A Bíblia, a Tradição, o Magistério e documentos históricos  confirmam o primado de Pedro.
             O texto bíblico mais profundo sobre o primado de Pedro está em Mt 16, 18-19:  “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.

            Jesus, então, dirige-se a Pedro primeiramente reconhecendo a sua pessoa: “Tu és Pedro”, “e sobre esta pedra”, quer dizer, sobre ele mesmo, o Pedro, Jesus confiaria a sua Igreja.

            Lembremos, aqui, que Jesus já havia, anteriormente, trocado o nome de Simão para Pedro (Pedra). Foi quando João apontou Jesus para André que em seguida procurou seu irmão Simão levando-o até o Mestre que, numa demonstração de antecipação do primado – o versículo diz que Jesus fixou o seu olhar em Simão – mudou o seu nome para Pedro, que quer dizer pedra: “Tu és Simão, filho de Jo; serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)” (Jo 1, 35-42; Mc 3,16; Lc 6,14)
             Confirma a escolha de Pedro a narrativa em Jo 21, 15-17, quando Jesus, por três vezes,  recomenda a Pedro: “Apascenta os meus cordeiros”, “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17), e em Lc 22, 31-32: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.
             Muitas passagens das Sagradas Escrituras demonstram que sempre Pedro aparecia em primeiro lugar, como que o líder nato escolhido por Jesus: Jo 21, 15-17; Mt 16, 15-17; Lc 8,45; 9,32; 12,41; At 1,13; 2,14. Também na escolha dos Apóstolos, Pedro ocupou o primeiro lugar: Mc 3,16; Mt 10,2; Lc 6, 13-14, e foi a primeira testemunha da Ressurreição At 1, 15-20. Pedro é o primeiro a anunciar o  aos judeus (Atos, 2, 14), a batizar os gentios (At 2, 41; 10, 48), a operar o primeiro milagre (3, 1-10), a receber e curar os enfermos, até com sua sombra (At, 5, 15), a propor a eleição de Matias em substituição a Judas (At 1, 12-26), a resistir ao Sinédrio e defender os companheiros (At 2, 14; 4, 19), a castigar os violadores dos bens eclesiásticos, e a excomungar o herege simoníaco (At 5, 4; 8, 20).

E foi Pedro quem tomou a palavra e decidiu sobre a dúvida levantada entre Paulo e Barnabé a respeito da circuncisão e o Batismo em termos de salvação, na reunião considerada como o Primeiro Concilio Ecumênico da Igreja Católica realizado em Jerusalém (At 15, 1-12).
             Naturalmente, e é fácil de compreender, que Jesus não chamou Pedro de Papa, cuja denominação veio a acontecer mais tarde. Aliás, nem São Pedro conhecia tal expressão.
             Os Apóstolos foram os primeiros Bispos da Igreja Católica e Pedro o Bispo de Roma assim como existem Bispos para cada diocese. O Bispo de Roma, portanto, é o escolhido dentre todos para dirigir a Igreja toda. .
             A palavra PAPA resulta das iniciais da frase latina: Petri Apostoli Potestatem Accipiens = “O que recebe o poder do Apóstolo Pedro”, ou ainda, de:  Pater Pastor = Pai e Pastor. Também o termo PAPA que vem do grego “pappas” quer dizer “pai”. Essa expressão era atribuída aos Bispos como tratamento afetuoso, e também eventualmente aos Presbíteros (pai)[1].
            Segundo lição do Revmo. D. Estêvão Bettencourt,[2]O título de papa é dado ao Bispo de Roma já por Tertuliano (+220 aproximadamente) no seu livro De pudicitia XIII 7, onde se lê: "Benedictus papa". É encontrado também numa inscrição do Diácono Severo (296-304) achada nas catacumbas de São Calixto, em que se lê: "iussu p(a)p(ae) sul Marcellini" (="por ordem do Papa ou pai Marcelino"). No fim do século IV a palavra Papa aplicada ao Bispo de Roma começa a exprimir mais do que afetuosa veneração; tende a tornar-se um título específico. Tenha-se em vista a interpelação colocada por S. Ambrósio (+397) numa de suas cartas: "Domino dilectissimo fratri Syriaci papae" (="Ao senhor diletíssimo irmão Siríaco Papa") (epístola 42). O Sínodo de Toledo (Espanha) em 400 chama Papa (sem mais) o Bispo de Roma. São Vicente de Lerins (falecido antes de 450) cita vários Bispos, mas somente aos Bispos Celestino I e Sisto III atribui o título de Papa. No século VI o título tornou-se, com raras exceções, privativo dos Bispos de Roma”.
            A presença do Papa como chefe da Igreja Católica tem a sua confirmação histórica também na narrativa de Santo Irineu, já no ano 202, portanto, bem no início do Cristianismo, quando relatou os nomes dos primeiros Papas: “Pedro e Paulo confiaram a Lino o ministério do episcopado... A Lino sucedeu Anacleto, a seguir Clemente. A Clemente sucedeu Evaristo; a Evaristo, Alexandre. Depois em sexto lugar veio Sisto, a seguir Telésforo, depois Higino, Pio e Aniceto, Sotero sucedeu a Aniceto. E agora Eleutero no décimo segundo lugar possui a herança do episcopado, após os Apóstolos” (Adv.Haer. = Contra as heresias, III, 3,3).

            Essa descrição coincide com a lista oficial dos Papas, a saber:
Os dez primeiros:
001 São Pedro - (30/32 - 64/67)
002 São Lino - (67 - 76)
003 Santo Papa Anacleto I (Cleto)- (76 - 88)
004 Santo Papa Clemente I - (88 - 97)
005 Santo Papa Evaristo - (97- 105)
006 Santo Papa Alexandre I - (105 - 115)
007 Santo Papa Sisto I - (115 - 125)
008 Santo Papa Telésforo - (125 - 136?)
009 Santo Papa Higino - (136 - 140)
010 Santo Papa Pio I - (140 - 155)

Os dez últimos:

258 Santo Papa Pio X - (1903 - 1914)
259 Papa Bento XV - (1914 - 1922)
260 Papa Pio XI - (1922 - 1939)
261 Papa Pio XII - (1939 - 1958)
262 Beato Papa João XXIII - (1958 - 1963) - início do Concílio Vaticano II
266[3] Papa Bento XVI - (2005 - presente)

            O Papa, portanto, é sempre o Bispo de Roma e chefe da Igreja, representante de Cristo aqui na terra, escolhido pelo colégio cardinalício sob a inspiração do Espírito Santo. 
             Essa representatividade não se limitou a Pedro, mas a todos os seus sucessores legítimos conforme narrado no capítulo “A Igreja Verdadeira”, e ainda, a narrativa de Lucas 10,16: “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” e de Jo 20,21: “Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”.
             Ao ser delegada a Pedro a chefia da Igreja, implicitamente Jesus estendeu também a todos os seus sucessores e para sempre. 
Está em Mt. 28, 18 - 20: "Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem meus discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”. Jesus demonstra a sua autoridade e transmissão do seu poder aos Apóstolos até a consumação dos séculos. Evidentemente que ao estabelecer o prazo para até o final do mundo, não se referia somente à pessoa física de Pedro e dos Apóstolos, mas também ao Colégio Apostólico e depois o Episcopal, aos sucessores de Pedro, os demais Papas.
            O múnus de ligar e desligar, isto é, o poder Papal,  é reconhecido, assim, aos sucessores de Pedro conforme LG 22 e principalmente pelo Magistério e Tradição Apostólica.
             Ensina o Catecismo da Igreja Católica no § 882: “O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro, "é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis".  "Com efeito, o Pontífice Romano, em virtude de seu múnus de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e universal. E ele pode exercer sempre livremente este seu poder”.
 E no § 936: “O Senhor fez de S. Pedro o fundamento visível da sua Igreja. Entregou-lhe suas chaves. O Bispo da Igreja de Roma, sucessor de S. Pedro, é “a cabeça do Colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e aqui na terra pastor da Igreja universal”.

O Santo Papa representa, verdadeiramente, Cristo e a sua Igreja aqui na terra,o Chefe visível da cristandade, o ponto de união e de direção que isoladamente ou em conjunto com o Colégio Episcopal, pelo Magistério da Igreja,  interpreta e dirige a Santa Igreja de Jesus Cristo em todo o mundo.
Expressivos e decisivos são os poderes que Jesus concedeu ao Chefe da Igreja: deu-lhe as chaves do Reino dos Céus; permitiu-lhe ligar e desligar na terra tudo o que fosse preciso, que seria aceito no Céu; O inferno (o demônio e inimigos) não prevalecerá contra a Igreja Católica.   


Vivo constantemente com a noção de que, em tudo o que digo e faço no cumprimento da minha vocação e missão, do meu ministério, acontece algo que não é de minha exclusiva iniciativa. Sei que não sou eu sozinho a agir naquilo que faço como Sucessor de Pedro”
Jo Paulo II[4]


[1] Quem Fundou a sua Igreja, de Pe. Alberto Luiz Gamberini, pág. 29/30.
[2] http://www.veritatis.com.br/_agnusdei/div216.htm - Autor: d. Estevão Bettencourt - Fonte: Revista "Pergunte e Responderemos"
[3] Alguns falam em 265 Papas.
[4] João Paulo II – Memória e Identidade, pág. 186.

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